sábado, 23 de maio de 2020

Esse eu fui! #05 - Time da virada e do amor

       Pegando o embalo de todos esses VTs de jogos que já vimos e ainda estamos podendo assistir na TV (amanhã na Globo, 24/05 as 16:00, haverá a reprise da final da nossa Libertadores de 1998), venho retomar uma série já conhecida por muitos aqui no blog: “Esse eu fui!”, onde a cada episódio eu conto a história de um dia de jogo do Vascão que tive a oportunidade de torcer no estádio. No quinto episódio da série talvez eu escreva sobre o jogo mais doloroso de todos que fui até hoje. Voltamos a 2016, ano inesquecível onde o Brasil sediou a primeira Olimpíada em um país subdesenvolvido e infelizmente nosso Vascão jogou a sua terceira série B de Campeonato Brasileiro.
       Chegávamos a décima sétima rodada do certame como líderes isolados (32 pontos de 48 possíveis), era uma boa campanha. O time também vinha muito bem na temporada, fez história ficando 34 jogos oficiais sem perder entre o finalzinho de 2015 e primeiro semestre de 2016 (recorde supremo do clube e uma das maiores marcas do futebol brasileiro), conquistou o Bicampeonato Carioca (em 2016 o título veio de forma invicta, sexta vez na história e recordista estadual) e iríamos receber uma das equipes da zona de rebaixamento. O Bragantino parecia presa fácil e eu estava crente que iria presenciar a minha primeira grande goleada em São Janu.
       Mas a realidade não foi nem de perto o que eu estava sonhando... Antes de entrar em detalhes sobre o jogo preciso voltar um pouco na história. Era um sábado bonito de inverno carioca, nem frio e nem calor, com uma brisa agradável, bom para ficar na beira da praia batendo um papo, curtindo uma boa bebida e comendo uns petiscos. Fui fazer exatamente isso com pessoas que amo, minha mãe e meus padrinhos (que levaram uma sobrinha vascaína deles). Foi tão bacana que não vimos a hora passar e nos atrasamos para o início da partida. Arrastei geral pro caldeirão...
       Chegamos por volta dos 15 minutos da primeira etapa e enquanto entrávamos pelo portão 9, Rafael Grampola abria o placar para o Bragantino. Fiquei incrédulo, como tomamos gol de um time tão ruim? Mas na verdade quem estava mal no jogo era o Vascão, foi uma etapa inicial bem fraquinha. Martín Silva, Madson, Rodrigo, Jomar e Julio Cesar; Diguinho, Andrezinho, Pikachu e Evander; Jorge Henrique e Thalles, os nossos 11 iniciais da partida comandada pelo técnico Jorginho.
       O intervalo veio e junto com ele a frase: “Vamos virar!”, talvez o vascaíno seja o torcedor que mais tem certeza no mundo que o seu time vai virar o placar de uma partida. Eu confesso que em algumas ocasiões já cheguei a achar que jogávamos bem só após o adversário abrir o marcador. E para impulsionar essa virada o nosso treinador fez uma alteração na equipe para os 45 minutos finais, mandando a campo o atacante Éderson (Evander pegou o colete) que iria fazer a sua estreia pelo Gigante da Colina. Ponto para ambos, logo aos 11 minutos após uma improvisada e astuta tabela entre Éderson e Thalles, nosso estreante do dia mandou um petardo, bela finalização, GOL DO VASCO. 
       O Vasco cresceu, já o Bragantino que teve um jogador expulso ainda na primeira etapa estava acuado, se segurando como podia. Jorginho então mandou a campo o quarto atacante vascaíno, era virar ou virar, não havia outra opção. Eder Luís (o famoso Chico Bento) veio para a vaga do lateral Madson (Pikachu foi então fazer a sua função) e mesmo que a partida não fosse um primor, o time ia pressionando, a torcida ia embalando... e deu bom! 
       Com tantos atacantes em campo a pressão surtiu efeito aos 27 minutos e viramos obviamente com o gol de um...? Isso mesmo, um zagueiro. Rodrigo (também conhecido como pesadelo dos flamenguistas) testou a bola para o fundo das redes após bela cobrança de falta de Andrezinho. O Caldeirão fervia, eu vivia pela primeira vez o time da virada fazendo jus ao seu apelido e a liderança estava mais do que garantida. Não com a facilidade que eu imaginava, mas...
       Fim de jogo, alegria e cerveja no ar, para quem queria ou não tomar banho. Comemorei bastante com a minha família, tirei umas fotos e fui até a loja comprar um casaco que tenho até hoje. Jogar uma série B, ser rebaixado, obviamente não é algo simples, muito menos louvável e uma vez me disseram que os mais novos como eu (25 anos) eram torcedores admiráveis porque mais lembram dos momentos ruins do que dos bons e ainda continuam com o time. Eu acho que não é isso, acredito que se você entendeu o que é o Vasco, o que você representa sendo vascaíno(a), isso sim fez você ficar, até hoje. Tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim, precisamos nos manter focados, almejando evolução. O Vasco é nosso, muito nosso e isso nos faz felizes.