domingo, 14 de junho de 2020

O Vasco não tem Mundial

       Mundial: que diz respeito, interessa ao MUNDO INTEIRO. Tirei essa breve explicação de um dicionário da nossa língua portuguesa para introduzir um assunto "polêmico" aqui.
       Na verdade não existe polêmica. Existem fatos e (pelo menos deveria) existe bom senso. Há exatos 63 anos, no dia 14 de Junho de 1957, o Vasco vencia o Real Madrid por 4x3 em Paris e conquistava o torneio que levava o nome da cidade sede.
       Dando uma breve contextualizada, um dos times mais tradicionais da França naquele tempo, o Racing Paris, resolveu organizar um torneio onde ele como anfitrião disputaria junto com mais três equipes um título que foi tratado pela imprensa na época como mundial. Real Madrid (atual Bicampeão das únicas duas edições de Copa dos Campeões (precursora da UCL) 55/56 e 56/57), Rot-Weiss Essen (Campeão Alemão em 1955) e o Vasco (Campeão Carioca de 1956 (título mais importante do país que ainda não tinha Campeonato Brasileiro) e Campeão do único campeonato Sul-Americano disputado até aquele momento, em 1948).
       Na época muitos veículos da imprensa esportiva mundial colocaram o Vasco como o melhor time e representante Sul-Americano, tratando o cêrtame como um embate entre Europa e América do Sul. A intenção era saber quem seria o "dono do mundo", quem seria o primeiro campeão mundial, tendo em vista que o Real Madrid dominava o velho continente e o Vasco era a melhor equipe Sul-Americana.
       Na primeira fase o Vasco venceu o time da casa, 3x1 para cima do Racing Paris. Os gols do Gigante da Colina foram marcados por: Livinho, Pinga e Vavá. No outro jogo o Real Madrid goleou o Rot-Weiss Essen por 5x0. Formava-se então o esperado confronto na final entre Real Madrid e Vasco.
       O Cruzmaltino com o timaço que tinha, foi até Paris e colocou água no chopp madridista. Que deve ter pensado que seria moleza quando logo aos 4 minutos de jogo abriu o placar com Di Stéfano. Mal sabiam eles que estavam enfrentando o time da virada, que virou ainda no primeiro tempo, com Válter Marciano e Vavá. A equipe espanhola não se entregava e voltou para o segundo tempo já empatando o confronto com Mateos (2x2).
       Mas poucos minutos depois Livinho recolocou o Gigante da Colina a frente e Válter Marciano fechou a conta, nem o gol de Kopa já nos acréscimos mudou algo para os madridistas. Assim o Vasco impôs a primeira e única derrota do Real Madrid para um time não-Europeu durante o período onde ele dominou seu continente vencendo todas as Copas dos Campeões (1955-1960). Dando também uma pequena amostra ao mundo do que estava por vir no ano seguinte na Copa do Mundo da Suécia.
       Os anos se passaram e questionamentos e mais questionamentos bobos foram surgindo, alegando que o torneio foi organizado em caráter de amistoso (as equipes foram com força máxima) e que o Torneio de Paris não era considerado precursor de um "torneio mundial" que na época ainda não existia. Fato é, campeonato mundial não deveria ser mesmo, por que o mundo vai muito além de Europa e América do Sul, logo deveria ser título INTERCONTINENTAL. 
       Entretanto, em 2017 a FIFA resolveu considerar como títulos mundiais competições a partir de 1960 (que tinham nome de Intercontinental), fazendo com que times como Santos, São Paulo, Flamengo, entre outros, fossem reconhecidos como legítimos campeões mundiais, mesmo que tenham jogado apenas uma partida (neste caso contra o campeão Europeu).
       O que beira o absurdo, porque ou você arrocha o nó, ou você solta ele de vez. Se esses times a partir de 1960 são campeões mundiais, então o Vasco também é pelo título de 1957. Primeiro porque venceu dois times europeus, sendo um deles o já galático e imbatível Real Madrid (de Di Stéfano e companhia), e segundo porque o futebol não começou em 1960.
       Então vascaíno(a), o que eu quero deixar para você com esse texto é que não importa se a "categoria" que dão ao título é mundial, intercontinental, colegial, municipal ou interplanetária. Importa o que aconteceu. E você sabe o que aconteceu, você sabe a história! O Vasco não foi até Paris, ganhou um cara ou coroa e voltou. Ele venceu e ergueu um troféu, marcando seu nome no futebol. Se algumas pessoas não conseguem digerir isso por mero capricho ou inveja, não se preocupe, isso não muda e tampouco diminiu em nada a grandeza da história. Pode comemorar!



Vasco 4 x 3 Real Madrid

Real Madrid: J.Alonso; Torres, Marquitos (Santamaría), Lesmes; Muñoz e A.Ruiz; Kopa, Mateos, Di Stéfano, Rial (Marsal) e Gento. 
Treinador: Luis Carniglia

Vasco: Carlos Alberto; Dario, Viana, Orlando Peçanha e Ortunho; Laerte e Valter; Sabará, Livinho, Vavá e Pinga.
Treinador: Martim Francisco

segunda-feira, 8 de junho de 2020

A Copa do Brasil 2011 ainda vive em mim...

       Nos últimos dias assisti novamente o DVD comemorativo ao título do Vasco na Copa do Brasil de 2011. Hoje completamos exatamente 9 anos dessa conquista histórica e reviver toda aquela campanha, cheia de alegria e drama, foi muito emocionante. Confesso que quase chorei de nervoso e emoção durante os melhores momentos do jogo no Couto Pereira.
       É louco o “ser Vasco”, como isso é bom e como nesse caso, o título tem uma dimensão enorme dentro de mim. Nos meus quase 26 anos de vida até aqui, posso dizer sem sombra de dúvidas que foi o maior título do Vasco que eu vivi. Claro que a Libertadores de 98, os Brasileiros de 97 e 2000 e a Copa Mercosul de 2000 historicamente tem um peso maior, mas eu era bem novo e não curti praticamente nada na época desses títulos.
       A Copa do Brasil de 2011 representa muitas outras coisas além do título para um moleque vascaíno, que quando começou a entender de futebol e gostar de debater sobre o assunto na escola lá com seus 11 anos era sempre massacrado em argumentos e zoeiras pelos colegas de classe, mas, nunca abaixou a cabeça e aceitou sair de um debate com o Vasco perdendo.
       Eu já sabia tudo que iria acontecer no filme, mas vibrei como se estivesse vendo ao vivo o Bernardo fazer o gol da virada contra o ABC, o Diego Souza meter uma pintura nojenta contra o Avaí, o PelÉLTON salvar a gente nos minutos finais contra o Atlético-PR (em 2011 o nome era assim kkkkk), o Alecgol sendo nosso artilheiro com vários gols extremamente importantes (dois deles marcados um em cada jogo da final)... e chega fiquei com dor de cabeça quando sofremos o terceiro gol do Coritiba. E aquela bola que o Fernando Prass soltou e defendeu em dois tempos? Jesus, haja arrepios!
       Passando rapidamente pela nossa campanha: na primeira fase vitória por 6x1 fora de casa contra o Comercial-MS. Depois um jogo horrível contra o ABC em Natal, 0x0, e uma partida dramática no Rio, 2x1, graças a Deus somos o time da virada! Nas oitavas de final talvez o nosso melhor jogo, 3x0 para cima do Náutico dentro dos Aflitos, o chato 0x0 do jogo de volta no Rio nem precisava ter acontecido. Das quartas de final em diante decretamos que somos donos da região Sul, 2x2 fora e 1x1 em casa, Vascão avançando graças a estúpida regra do gol fora de casa valer mais, tchau Atlético-PR. Contra o Avaí na semifinal 1x1 em casa, e como o atacante William do Avaí disse bem ao término da primeira partida, "no jogo da volta haverá um massacre", Vascão deu show e resolveu a parada no primeiro tempo, 2x0. Na grande decisão vencemos a partida de ida no Caldeirão por 1x0. O jogo de volta no Couto Pereira foi vencido pelos donos da casa, 3x2, mas o regulamento nos ajudou e os gols marcados fora de casa pesaram. VASCÃO CAMPEÃO NACIONAL, VASCÃO CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL 2011!
       Menção honrosa aos jogadores que entraram em campo naquele 08 de Junho de 2011 defendendo a Cruz de Malta e quase me fizeram perder um semestre de faculdade*: Fernando Prass, Allan, Dedé, Anderson Martins e Ramon; Romulo, Eduardo Costa, Felipe (Jumar) e Diego Souza (Bernardo); Eder Luis e Alecsandro, comandados pelo nosso grande técnico Ricardo Gomes.


(*Em 2011 eu comecei o meu primeiro semestre de faculdade, na época cursava CST em Rede de Computadores, e uma das minhas disciplinas só tinha aula quarta-feira (eu estudava a noite). Logo, faltei todas as aulas possíveis, seguindo o pensamento: "Primeiro o Vasco, depois as responsabilidades", se faltasse umazinha a mais reprovava, mas no final deu tudo certo... consegui assistir quase todos os jogos dessa campanha histórica e ainda passei de semestre na faculdade!)