domingo, 23 de dezembro de 2018

Carta ao meu ídolo!

     Como terminar uma história? Como escrever? Tudo na vida tem um começo, meio e fim. Porém, nunca estamos preparados para o final ou simplesmente não queremos aceitá-lo. Eu estou evitando escrever este artigo há dias, já pensei em várias coisas que gostaria de dizer, mas no fundo eu não quero escrever sobre, porque não quero aceitar que acabou.
     Eu lembro e nunca vou me esquecer de quando tudo começou, era Dezembro de 2013, o sentimento de tristeza após o segundo rebaixamento da gente era grande. Mas o amor e a esperança por dias melhores aumentavam e explodiram quando eu estava na frente do meu computador olhando os sites de notícias esportivas (como sempre fiz até ter um celular mais moderninho) e vi que estávamos negociando com o goleiro Martín Silva, confesso que até aquele ano não o conhecia, mas ele acabava de jogar uma Libertadores excelente pelo Olimpia-PAR, levando seu time até a final e não fosse o grande time do Galo mineiro com Ronaldinho Gaúcho e companhia, Martín Silva seria campeão da América e provavelmente nem jogaria conosco, logo, obrigado Galo!
     Eu achei impossível num primeiro momento a contratação, o Vasco sempre é lerdo e pouco influente no mercado da bola, Martín estava em alta e com certeza teria outras propostas de times em momento melhor. Mas aconteceu e eu fiquei fascinado, ainda mais depois de um ano onde fomos rebaixados justamente pela falta de um bom goleiro, rodamos 3, mas que juntos não valiam 1 regular.
     Martín Silva quis vir para o Vasco, quis defender as cores desse time que eu tanto amo, quis ser um guerreiro vascaíno da Cruz de Malta independente do momento que vivíamos, quis ser como nós. E não precisou de muito tempo para cair nas graças de todo torcedor, teve números excelentes, partidas memoráveis e lances que eu nunca mais esquecerei, como a defesa dupla em cima da linha para evitar o gol de Guerrero, atacante do maior rival e que NUNCA conseguiu fazer gol na nossa barreira uruguaia. Ou quando ele saiu da área e foi até a linha lateral robar a bola de um jogador do Resende no carioca de 2017, eu estava em São Janu neste dia, que jogávamos muito mal e perdíamos neste momento, inclusive. Ou então sendo mais recente, CLASSIFICANDO o Vasco para a fase de grupos da Libertadores deste ano, algo que não acontecia há 6 anos. Após defender 3 pênaltis na disputa final.
     O momento mais emblemático desta idolatria, aconteceu em 2015, você Martín, tinha pouco mais de um ano no Vascão, mas já era meu ídolo. Na época eu não morava no Rio de Janeiro, pelo contrário, morava muito longe de São Januário, mas graças a um sorteio abençoado de primeira fase da Copa do Brasil, nos foi determinado jogar no Acre, contra o Rio Branco. Depois de muito tempo eu poderia acompanhar o meu time do coração de pertinho, que poupou alguns jogadores da viagem, porém, o mais importante de todos veio e nos ajudou a conquistar uma boa vitória. Já estava feliz com tudo isso, mas depois do jogo, arrisquei ir para a porta do hotel onde o time estava hospedado para tentar fotos e autógrafos. Deu certo, poucos torcedores se reuniram ali com a mesma intenção e fizemos uma recepção animada e tranquila aos nossos guerreiros. Tirei foto e peguei autógrafo com vários, mas só um me interessava e por mais que 1 milhão de anos se passem, eu não vou esquecer a hora que fui fazer a selfie com você Martín Silva, fiquei tão nervoso, emocionado, feliz e sem acreditar, que a foto saiu MUITO cagada, toda tremida, provavelmente irreconhecível para a maioria das pessoas, mas para mim foi uma das melhores fotos que tirei na vida, eu sabia que ali estava comigo o jogador que eu mais tive carinho e idolatria no Vasco até hoje!
     A camisa que foi autografada, eu tive que aposentar, não podia correr o risco de perder a assinatura desse MEGA PROFISSIONAL! Martín Silva recusou propostas maiores para sair do Vasco e não deixar o time na mão; pediu dispensa da seleção para jogar partidas importantes conosco; suportou atraso de muuuuuitos pagamentos, sempre fez de tudo por nós, me parece que agora faltou pelo menos um pouco de retribuição...
     Eu estou há mais de 5 dias sem olhar direito as notícias do Vascão, foi meio que um luto mesmo. Tivemos até coisas importantes ao longo desta semana, como transferências, balanço financeiro do ano e projeto para o novo São Janu, eu sei porque vejo as notificações chegando, mas não tive ânimo de ver tudo (até me desculpe leitor(a) pela falta de textos), eu não vou deixar de ser Vasco, óbvio, tampouco meu amor vai diminuir, mas para mim doeu e ainda dói um pouco, Martín Silva foi o melhor jogador, o mais importante do Vasco que eu vi jogar. Vou sentir falta de te chamar pelos apelidos: Martín Salva, Martín Paredão Silva ou Ministro da Defesa.
     Foram quase 250 jogos com a nossa camisa cruzmaltina ao longo desses 5 anos de união. Bicampeão carioca, no segundo ano (2016) de forma invicta, NINGUÉM VENCEU O VASCÃO, POIS NÃO CONSEGUIAM VENCER O MARTÍN! Exemplo de jogador dentro e fora de campo para os mais novos, mais velhos, funcionários, diretores, torcedores, todos ao seu redor. Um líder nato, nosso eterno capitão! Inclusive como foi dito em um vídeo que o clube fez para despedida, com lances e fotografias. Eu não queria nem ver, mas ao abrir uma rede social especializada em fotos e vídeos, foi a primeira coisa que me apareceu. Eu vi, me arrepiei e quase chorei, você fará falta ídolo!
     Por fim, quero te pedir desculpas se alguma vez reclamei de você, não deveria ter feito isso. Quero pedir desculpa também pelo nosso time, que está tão bagunçado, mal organizado e frágil nos últimos anos. A Libertadores desse ano era para ser a sua grande conquista da carreira, mas isso é impossível para o CR Vasco da Gama atual.
     Quero também agradecer de todo meu coração, pelo seu comprometimento, empenho, sacrifício, amor e dedicação com o time que eu mais amo, que tenho como o meu primeiro amigo! Suas super defesas serão eternas! Boa sorte na carreira, você é uma excelente pessoa, vou continuar te acompanhando sempre. Muito obrigado por tudo, te amo Martín Silva!

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